Como Reacender a Fogueira da Criatividade em um Mundo de Planilhas
O mundo do marketing e da publicidade está em crise, ficou chato, blasée. Onde foi parar a criatividade? Porque tudo precisa ser matemático? Quando os Números Apagaram as Estrelas?
Prólogo: O Bar “Alma Perdida” Virou um Open Space sem Graça
O cheiro é de café frio e ansiedade reprimida. Num escritório envidraçado, com paredes que gritam “sou moderno” mas parecem uma gaiola, um diretor criativo de 32 anos — camisa amassada, olhos perdidos numa planilha — se pergunta:
“Quando foi que a gente trocou a magia de criar por essa obsessão com cliques?”
Não é filme.
É a indústria criativa que vendeu a alma por um gráfico de barras. Como caímos nesse buraco? E, mais importante, como saímos dele?
1. A Era de Ouro: Publicidade Era Rock’n’Roll
Nos anos 60, Don Draper não fazia PPT pra justificar um slogan. Ele tomava um uísque que descia como um tapa na cara, acendia um cigarro e criava algo como “Think Small” da Volkswagen, que virou o consumo de ponta-cabeça sem precisar de um relatório de ROI.
Era visceral.
A genialidade estava em vender identidade, não produtos. Como Hemingway diria, se fosse copywriter:
“Ache a verdade mais crua que você conhece e transforme isso num anúncio de sabão em pó.”
Aí veio o algoritmo.
2. O Amor que Virou Divórcio: Criatividade vs. Máquina
Ato I: O Flerte (2004-2010)
Google Ads era só uma ferramenta. Dados ajudavam a entender pessoas, como um amigo que te dá dicas num bar, e a criatividade dançava com a ciência num romance cheio de promessas.
Era lindo.
Ato II: A Obsessão (2011-2018)
Facebook Ads, SEO e growth hacking viraram os donos da festa. De repente, CMOs só falavam em “resultados escaláveis”, e briefings viraram listas de números que matavam qualquer faísca de inspiração.
Criativos viraram robôs.
Ato III: O Vazio (2019-hoje)
Um estudo da Adobe (2022) mostrou que 68% dos marketeiros gastam mais tempo com dados do que criando. Qual o sentido de otimizar um funil se você não sabe mais falar com um ser humano?
É triste.
3. O Erro Fatal: Eficiência Não É Alma
Algoritmos querem você rolando a tela sem parar. Engajamento não é conexão, vendas não são amor, e CTR nunca vai ser poesia, como Atticus Finch em O Sol É para Todos nos lembrou: “Calce os sapatos do outro antes de julgar.”
Marcas viraram stalkers.
Obcecadas por atenção, elas esquecem de criar intimidade. O resultado? Anúncios que o público ignora como spam no e-mail.
É patético.
4. Apple vs. Meta: Sonho contra Desespero
Em 1997, Steve Jobs lançou “Think Different”. Sem mostrar produtos, só celebrando rebeldes que mudam o mundo, a Apple virou a empresa mais valiosa do planeta, enquanto você lê isso num iPhone.
Foi épico.
Em 2022, o Meta gastou US$ 10 bilhões num metaverso que parece um videogame dos anos 90. Quando você troca poesia por tecnologia, acaba com um deserto digital que ninguém visita.
É um fiasco.
5. A Revolução no Deserto: Cinco Ideias pra Ressuscitar a Criatividade
1 — Busque o Arrepio, Não o Gráfico
Pergunte: “Essa ideia faria Don Draper sentir um frio na espinha?” Se não, jogue fora e comece de novo, porque publicidade sem emoção é só barulho.
Volte ao básico.
2 — Contrate um Poeta
A Duolingo tem um “Chief TikTok Officer”. Por que não um “Diretor de Saudade”, alguém que lembre que marketing é fazer o público sonhar com algo que nunca existiu?
É ousado.
3 — Teste do Elevador
Se você não explica a campanha em 30 segundos sem falar “KPI”, ela é ruim. Simples assim, porque boas ideias não precisam de jargões pra brilhar.
Ponto final.
4 — Roube da Arte
Picasso dizia: “Grandes artistas roubam.” Antes do próximo brainstorm, veja um filme do Fellini ou ouça Miles Davis, e deixe o LinkedIn pra lá.
Inspire-se.
5 — Premie a Rebeldia
Dê bônus pra quem ignorar o brief e criar algo que faça o cliente rir ou chorar. Como Bill Bernbach dizia:
“Regras são o que sobra quando a criatividade morre.”
Seja herege.
Epílogo: O Bar Ainda Tá Aí, Mas o Sol Nasce
O diretor criativo fecha o laptop. Lá fora, o sol nasce, alheio à crise existencial, enquanto ele pega um bloquinho velho e escreve:
“Querido algoritmo, hoje vou criar algo que te faça calar a boca.”
Ele rasga a folha.
No lixo, entre ideias descartadas, nasce a próxima revolução. Porque é no caos que a criatividade respira.
É esperança.
P.S. — Uma Pergunta que Dói
Daqui a 50 anos, seus bisnetos vão querer saber: “O que você fez na Guerra dos Dados?” Você vai dizer: “Aumentei o ROAS em 7%” ou “Criei algo que fez o mundo parar e sentir”?
Escolha bem.
A história só guarda quem faz o coração bater. Só quem escolhe a segunda opção deixa um legado.
É fato.
Nota do Autor (Um pouco de Café e Rebeldia)
Escrevi isso de madrugada, com Miles Davis no fone e o Slack apitando. Criatividade é guerra contra a mediocridade, e eu escolhi meu lado.
Que venha a luta.
Rant Final: A Publicidade Tá numa UTI, e o Médico É um Algoritmo
A publicidade morreu e ninguém fez o velório.
Antigamente, um comercial era como um show de rock: te fazia gritar, chorar, querer pular do sofá. Hoje? É só mais um pop-up que você fecha antes de ler.
Marketheiros viraram contadores, presos em dashboards, enquanto o algoritmo ri da nossa cara, servindo anúncios de meias que você nunca quis.
Chega dessa merda.
Vamos jogar o Excel no lixo, contratar poetas, ouvir jazz e criar algo que faça o mundo lembrar que ainda tem alma. Porque, se a publicidade não for pra dar arrepio, é só um grito no vácuo — e o vácuo, meus amigos, não devolve eco.
Referências Bibliográficas
- Adobe (2022). The State of Marketing Report.
- Harper Lee (1960). O Sol É para Todos.
- Picasso, P. (citado por Steve Jobs em entrevistas).
- Bernbach, B. (1989). Bill Bernbach’s Book: A History of the Advertising that Changed the History of Advertising.
Achei o texto muito foda! Foi uma ponta de suspiro em meio a um caos algoritimizado. Entrei na publicidade porque achava os comerciais incríveis e como era-mos capaz de encantar pessoas pela comunicação, hoje, apenas dados importam e esquecemos os sentimentos e o que realmente nos move! Mais uma vez, parabéns pelo conteúdo!